À partida pode parecer paradoxal, mas conseguir se estar conscientemente alienado, permite-nos ficar em algumas circunstâncias menos mal do que estaríamos se assim não fosse. Por outras palavras é ter o corpo num sítio e a cabeça noutro. Pode também parecer mais difícil do que aparenta, é verdade. Quantas coisas fazemos diariamente, repetidamente, entediosamente, que detestamos mas ainda assim temos de as fazer? Vamos colocar a nossa cabeçinha pensadora em cima de um veículo rápido e dar-lhe os meios que ela necessitar para não voltar enquanto estamos a
lavar a loiça, a ver televisão, a voltar para casa do trabalho, a recusar um pedido de esmola, a abastecer o carro, a passear o animal de estimação, a ajudar alguém para nos sentirmos melhores...
Tentamos compreender o passado, acto tantas vezes insensato, descuramos o imprevisto do presente
mas achamo-nos no direito de planear o futuro.